Corpos Mutantes - Ensaios sobre novas (D)eficiências Corporais. Organizadores Professores Edvaldo Couto e Silvana Goellner.
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Corpo, fragmentos e ligações: A micro-história de alguns órgãos e de certas promessas - Ieda Tucherman.
Tucherman discute neste capítulo, as dimensões do corpo na pós-modernidade e o analisa como a grande invenção deste período, por esta razão a autora decide interpretar a linguagem da vida e a promessa de “interditar, pelo menos imaginariamente, a morte”. Sua abordagem traz o discurso da Tecnociência contemporânea como algo relacionado estreitamente à ficção cientifica e apresenta o conceito de obsolescência do corpo humano, bem como sua superação.
A autora inicia trabalhando a história e os dilemas do corpo na atualidade onde a “vida não é mais dicotômica, centrada sobre a oposição corpo-espírito. Pois surge uma nova relação “tricotômica” sustentada na “expressão corpo-mente-máquina” onde o corpo se torna passível de intervenções e manipulações através das tecnologias, estas características muitas vezes apresentadas no cinema como atributos da modernidade e meio de disseminação da nova concepção do corpo na pós-modernidade. É discutida também a contribuição da mídia e os estímulos excessivos que, de certa forma, homogeneízam os corpos, suprime as diferenças e extravasam no apelo sensorial. Em síntese, a autora relaciona alguns filmes que evidenciam a relação de “amor” entre o cinema e a ficção-científica e encerra questionando as atuais decisões científicas de intervenção nos corpos e na vida humana:
“Não haverá aí além da invenção de uma outra temporalidade e de outra narrativa para o corpo a passagem de um Deus-ex-máquina ao atual machina Dei?”
Uma estética para Corpos Mutantes – Edvaldo Souza Couto
O texto do Professor Edvaldo Couto discute a idéia de mutação dos corpos na sociedade contemporânea, devido ao avanço da ciência e da tecnologia. As inovações tecnológicas permitem ao ser humano a criação de órgãos, a cura de doenças, além de realçar aspectos da beleza e revitalizar o desempenho corporal, ampliando os limites e potencialidades do corpo. A tecnologia passa a integrar o cotidiano dos sujeitos contribuindo para a sua satisfação física e mental. Neste mundo capitalista, o corpo passa a ser visto como mercadoria, podendo ser reconstruído para que possa durar eternamente afastando o pavor ao envelhecimento e à idéia da morte.
O exagerado culto ao corpo revela a exclusão, pois a idéia que emana é de que só envelhece e morrem aqueles que não são capazes de custear as intervenções que porventura possam levar seus corpos a perfeição.
Velhice, palavra quase proibida; Terceira idade, expressão quase hegemônica- Annamaria da Rocha Jatobá Palácios
A autora Annamaria Palácios analisa as dimensões que a mudança do termo velhice para a expressão terceira idade adquire na sociedade, sendo utilizada para atender a demandas de consumo pela indústria de cosméticos, a partir da década de 90. Essa mudança associa a velhice a um estado de incapacidade física ao mesmo tempo que exalta, na terceira idade características como maturidade saudável, jovialidade e beleza. Todas estas qualidades podem ser conquistadas através da qualidade de vida que os hábitos saudáveis de cuidado com o corpo propiciam. Conservar a juventude é sinônimo de longevidade.
Corpo Cyborg e o dispositivo das novas tecnologias – Homero Luís Alves
O autor discute neste artigo, o crescimento científico-tecnológico nas demais áreas do conhecimento e as possibilidades de transformações que podem trazer para o corpo humano. A utilização de órgãos artificiais, próteses, tecidos sintéticos, prontuários eletrônicos, diagnóstico por imagem, uma infinidade de possibilidades de prolongamento da vida, aumento da saúde e adoção de um corpo perfeito dentro dos padrões estéticos da sociedade da informação e do “consumo”. Tais avanços permitem a difusão do conceito de ciborgue, para além dos laboratórios dos filmes de ficção-científica, tornando-se cada vez mais presente através da utilização de órgãos artificiais e próteses implantados nos corpos humanos estreitando a relação entre homem e máquina que há algum tempo parecia existir apenas em abordagens de filmes.
Os percursos do corpo na cultura contemporânea – Malu Fontes
A autora aborda as transformações ocorridas no estatuto do corpo ao longo dos anos com o intuito de atender a diferentes demandas de ordem geopolítica e aos avanços a tecnologia. A modelagem do corpo em academias de ginástica vai sendo gradativamente substituída por intervenções realizadas em clínicas de estética, nas quais são realizadas cirurgias que modelam o corpo, obedecendo aos padrões estéticos impostos pela mídia. Há uma busca incessante por beleza, principalmente por parte do público feminino, que pode ser adquirida através de procedimentos estéticos, propiciados pelo avanços das tecnologias na medicina.
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Silvânia Gomes dos Santos